Em plena segunda-feira, às 7 h da matina, Débora, preguiçosamente acorda com o despertar mais indesejável de seu despertador, que, assim como ela, nunca se atrasa. Escolhe rapidamente uma roupa com o senso crítico em seu potencial mais baixo e quase que se borrando desenha a mesma maquiagem para levantar o astral.
Ao chegar na empresa, Débora, mulher muito dedicada, se apressa em preparar o material da reunião semanal que, para todos já ocorria com naturalidade, mas que, para ela, mantinha sua importância. Afinal, segunda-feira era o dia em que o consultor tão esperado ia à empresa, cobrava caro por suas horas e que, portanto, devia ser aproveitada.
Às 9 h tudo estava em ordem. Se tudo ocorresse conforme o planejado ao meio dia a reunião terminaria com as respostas que a equipe buscava durante todo o mês, mas que só Débora se empenhou em solucionar.
Ela não entendia a falta de compromisso das pessoas que trabalhavam com ela. Como pode aquelas mulheres todas perderem tanto tempo jogando papo fora no banheiro ou na cozinha da empresa?
Débora não era assim. Era uma pessoa séria, que dava pouca abertura para conversas que não diziam respeito ao trabalho.
Eis que no meio da reunião, que começara com meia hora de atraso, o consultor tão renomado e caro, olha pra Débora atenciosamente e comenta: “Débora, seu rosto me lembra uma velha amiga de Minas. Ela tinha um rosto fino como o seu”.
Débora já desconcertada responde: “Fino? Meu rosto? Desculpe-me, mas o formato do meu rosto é redondo, como de minha avó e minha mãe, e não afinado”.
As sete pessoas que estavam na reunião soltaram uma breve risada. “Débora, seu rosto é extremamente fino, é um rosto muito lindo, muito elegante. Todas nós gostaríamos de ter o formato do seu rosto”.
Débora deixou a reunião ao meio dia e meia e foi direto ao banheiro. Olhou-se no espelho como jamais havia feito. Avaliou cada traço que compunha seu rosto. Tentava enxergar aquilo que as pessoas viam nela, mas que ela jamais notou. Um lindo rosto angelical, com finos traços, nariz alongado e maçãs do rosto salientes. Débora não precisava se arrumar muito para ficar linda, contava com atributos naturais que só ela não tinha dado conta.
Terça-feira, 7 h da matina, Débora acorda com seu despertador fiel. Escolhe uma roupa rapidamente e corre pro banheiro. Um enorme espelho na parede oposta ao espelho habitual revela pra Débora uma nova pessoa. Não rabisca mais uma pintura qualquer. Não sabe direito como enfeitar essa nova mulher, de rosto fino e elegante que se apresenta por inteiro para ela. Senhora de um novo olhar, Débora repara em cada detalhe, cílios por cílios e se lamenta por ter tido um contato tão superficial.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
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2 comentários:
cada um enxerga com seus próprios olhos; daí as várias opiniões a respeito de tudo na vida.
Voce é simplesmente linda...
Nossa, esse texto me lembrou uma coisa: quando as pessoas dizem que sou delicada. Justo eu, que sou o desastre em pessoa. Amiga, parabéns, adorei. Beijos. PS: Passa no meu!
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