Para tudo há um tempo

Debaixo do céu há momento para tudo
E tempo certo para cada coisa

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
Tempo de plantar e tempo de arrancar;
Tempo de matar e tempo de curar;
Tempo de derrubar e tempo de
construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se
alegrar;
Tempo de chorar e tempo de
dançar;
Tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
Tempo de abraçar e tempo de afastar.
Há tempo de procurar e tempo de perder;

Tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
Tempo de rasgar e tempo de remendar;
Tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
Tempo de guerra e tempo de paz.

Dia de domingo

Todos os dias de segunda a sábado, Rafa tinha uma agenda agitada, que, muitas vezes começava às 5:30 da madrugada. Não reclamava de nada, mostrava-se muito feliz pelos compromissos que tinha. A procura por seus serviços estavam aumentando e com certeza Rafa não era só competente, tinha um coração maravilhoso. Crescia por mérito próprio, pela ética e comprometimento que tinha em suas relações.
Aos domingos sua rotina era diferente. Rafa, acordava a tempo de pegar as últimas voltas da corrida de fórmula 1, desorientado pelo cheiro que vinha da pequena cozinha de seu pequeno mas simpático apartamento. Fascinado pelo cheiro do café que sua esposa fazia, Rafa despertava com um sorriso no rosto. Somente aos domingos, o casal conseguia sentar e desfrutar de um belo e demorado café-da-manhã. Para Rafa, seu esforço semanal era recompensado pela manhã de domingo, pelo cheiro do café tão cuidadosamente preparado. A primeira refeição do dia de domingo duravam horas e nada mais era tão importante quanto ver a mesa arrumada com os pães preferidos e o iogurte sabor morango que Rafa comia no dia tão esperado.
O cheiro trazia muitas recordações boas de seu tempo de infância. Rafa se lembrava que todos os seus sonhos audaciosos de menino estavam sendo conquistados. Depois da demorada refeição, Rafa e sua esposa voltavam pra cama, sem pressa e sem compromisso. Ao lado dela, ele sonhava com mais coisas para seu futuro. Sentindo seu cheiro agradável, Rafa imagina sua vida, dormindo todos os dias com o cheiro maravilhoso de sua mulher e acordando aos domingos pelo cheiro tão esperado do café.

Débora, em perfil

Em plena segunda-feira, às 7 h da matina, Débora, preguiçosamente acorda com o despertar mais indesejável de seu despertador, que, assim como ela, nunca se atrasa. Escolhe rapidamente uma roupa com o senso crítico em seu potencial mais baixo e quase que se borrando desenha a mesma maquiagem para levantar o astral.
Ao chegar na empresa, Débora, mulher muito dedicada, se apressa em preparar o material da reunião semanal que, para todos já ocorria com naturalidade, mas que, para ela, mantinha sua importância. Afinal, segunda-feira era o dia em que o consultor tão esperado ia à empresa, cobrava caro por suas horas e que, portanto, devia ser aproveitada.
Às 9 h tudo estava em ordem. Se tudo ocorresse conforme o planejado ao meio dia a reunião terminaria com as respostas que a equipe buscava durante todo o mês, mas que só Débora se empenhou em solucionar.
Ela não entendia a falta de compromisso das pessoas que trabalhavam com ela. Como pode aquelas mulheres todas perderem tanto tempo jogando papo fora no banheiro ou na cozinha da empresa?
Débora não era assim. Era uma pessoa séria, que dava pouca abertura para conversas que não diziam respeito ao trabalho.
Eis que no meio da reunião, que começara com meia hora de atraso, o consultor tão renomado e caro, olha pra Débora atenciosamente e comenta: “Débora, seu rosto me lembra uma velha amiga de Minas. Ela tinha um rosto fino como o seu”.
Débora já desconcertada responde: “Fino? Meu rosto? Desculpe-me, mas o formato do meu rosto é redondo, como de minha avó e minha mãe, e não afinado”.
As sete pessoas que estavam na reunião soltaram uma breve risada. “Débora, seu rosto é extremamente fino, é um rosto muito lindo, muito elegante. Todas nós gostaríamos de ter o formato do seu rosto”.
Débora deixou a reunião ao meio dia e meia e foi direto ao banheiro. Olhou-se no espelho como jamais havia feito. Avaliou cada traço que compunha seu rosto. Tentava enxergar aquilo que as pessoas viam nela, mas que ela jamais notou. Um lindo rosto angelical, com finos traços, nariz alongado e maçãs do rosto salientes. Débora não precisava se arrumar muito para ficar linda, contava com atributos naturais que só ela não tinha dado conta.
Terça-feira, 7 h da matina, Débora acorda com seu despertador fiel. Escolhe uma roupa rapidamente e corre pro banheiro. Um enorme espelho na parede oposta ao espelho habitual revela pra Débora uma nova pessoa. Não rabisca mais uma pintura qualquer. Não sabe direito como enfeitar essa nova mulher, de rosto fino e elegante que se apresenta por inteiro para ela. Senhora de um novo olhar, Débora repara em cada detalhe, cílios por cílios e se lamenta por ter tido um contato tão superficial.

O sol nasce para todos...

O sol nasce para todos, mas... nem todos o percebem. Tem gente que só se dá conta quando fica incomodado pela vermelhidão causada, porque o sol atinge os desprevenidos, como se fosse uma forma de vingança contra quem não repara em seu superior poder. É aí que se preocupa em passar um protetor solar.
Mas também, há quem o admire, quem se alegre em vê-lo ao abrir a janela nas deliciosas manhãs, curtir sua companhia durante o dia e despedir-se com saudades ao anoitecer.
Todos os dias, ao entrar e sair, sua aparição é triunfante. Vem colorindo o céu, ganhando espaço devagarinho até se acomodar na macia camada de nuvens em que se debruça. De forma admirável se retira, cedendo espaço para os novos protagonistas e deixando uma lembrança inesquecível para quem teve o prazer e a sorte de assistir o final do espetáculo.
Mais sorte e prazer ainda teve quem conseguiu estar no momento de retirada do nosso sol na presença da pessoa amada. Tem-se aí as condições ideiais para as juras eternas, o beijo mais esperado e a troca de olhar profunda. Conseguir estar junto do seu grande amor no momento da troca do dia pela noite, é como sentir a paixão calorosa ceder lugar ao amor verdadeiro.